Todos os dias, milhões de pessoas pegam nas chaves do carro e metem-se ao caminho. Conduzir tornou-se tão natural que raramente pensamos na responsabilidade e no risco que esse gesto envolve. É quase automático: ligamos o motor, ajustamos o espelho e seguimos viagem. Mas será mesmo assim tão simples?
Neste artigo, queremos explorar porque é que conduzir — uma das tarefas mais arriscadas do nosso quotidiano — se tornou banal, enquanto outras decisões importantes continuam a parecer enormes e assustadoras como subir o Monte do Everest.
Aos 18 anos, tirar a carta de condução é quase um ritual, faz parte, é algo natural e a maioria de nós nunca questiona verdadeiramente o que está em jogo.
Contudo, conduzir é uma atividade de alto risco, que exige atenção, responsabilidade e tomada de decisões rápidas. Mesmo assim, não sentimos esse peso todos os dias. Porquê?
Porque toda a gente que nos rodeia o faz, porque crescemos a ver conduzir e porque se tornou parte da nossa rotina.
A familiaridade reduz a perceção de perigo, não porque o risco desapareça, mas porque deixamos de o ver.
A forma como percebemos o risco é muito influenciada pelo contexto social, aquilo que vemos repetidamente — por mais perigoso ou complexo que seja — torna-se normal. É o poder da repetição.
Quando uma atividade é socialmente validada e amplamente praticada, o nosso cérebro interpreta isso como sinónimo de segurança.
“Se toda a gente faz, deve ser seguro.”
Este mecanismo funciona a nosso favor em muitas situações mas também anestesia noutras situações.
Agora pensemos no lado oposto.
Quando surgem oportunidades que não estão banalizadas como mudar de carreira, iniciar um projeto, investir em algo novo ou assumir uma responsabilidade, o medo instala-se no sofá da sala.
O curioso é que: temos medo de arriscar num projeto pessoal, mas não temos medo de conduzir numa autoestrada a 120 km/h rodeados de desconhecidos e na fé que não vem carro nenhum em contramão.
Acontece porque essas novas responsabilidades não são familiares, não assistimos a exemplos repetidos à nossa volta, não existe um “guia social”, falta-nos o empurrão do "tens de ir só".
Conduzir é necessário, mudar de vida… nem sempre.
A verdade é que a necessidade molda a nossa coragem.
Quando precisamos de algo para viver, trabalhar ou deslocar-nos, simplesmente avançamos.
Precisamos do tal empurrão, caso contrário, ficamos à mercê da dúvida, do medo e da comparação.
Mas aqui está um ponto essencial:
Se conseguimos assumir todos os dias a responsabilidade enorme que é conduzir, também somos capazes de assumir outras responsabilidades que hoje parecem assustadoras.
O problema não é falta de capacidade — é falta de hábito.
Tal como conduzir um dia pareceu assustador e agora é automático, outras responsabilidades também se podem tornar naturais, basta começar.
Da próxima vez que estiveres ao volante, lembra-te que aquilo que hoje te parece simples já foi, um dia, assustador.
E talvez o mesmo aconteça com aquele projeto ou decisão que tens guardado na gaveta. O que ainda não é banal pode vir a ser, o que ainda te assusta pode tornar-se natural, tal como conduzir.
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Categorias: : Mindset